"Mamma Mia!" estreou em Londres em Abril de 1999. Onze anos depois, a montagem brasileira celebra a qualidade da "importação" dos espetáculos trazidos da Broadway e do West End para o Brasil e confirma São Paulo como a capital latino-americana dos musicais de sucesso.
"Mamma Mia" tem uma storyline simples, que trata da relação entre uma mãe e uma filha, no azul e branco de uma ilha grega e a espectativa desta filha em relação à descoberta de um seus três possíveis pais, às vésperas da festa de seu casamento.
Não é um espetáculo com trocas mirabolantes de cenários, nem transições frenéticas de figurinos, perucas e maquiagens. O "colorido" e a magia de "Mamma Mia!" vem do vigor e da energia de suas canções suecas, todas conhecidíssimas do grande público. É uma deliciosa viagem musical à cafonice divertida dos anos 70, à ingenuidade kitsch das canções da era-do-disco do ABBA e ao entusiasmo de um numeroso elenco que tem em suas vozes o melhor do musical.
Quem chegar ao Teatro Abril esperando grandiosidades cenográficas vai se desapontar. Em contrapartida, apesar desta rápida e passageira decepção, não há um ser humano de qualquer idade que seja, que não saia cantarolando as canções de Claudio Botelho/ABBA.
Na tarde que vi, a protagonista Kiara Sasso estava sendo substituída por Paula Capovilla, cuja voz talentosa (já conhecida dos paulistanos como a Sra. Potts em "A Bela e a Fera") provocou encantamento na medida certa, enquanto seu phisique-du-rôle é mais adequado à personagem do que a própria Kiara.
Pati Amoroso interpreta a filha com um carisma e um encantamento parecido com o causado por Simone Gutierrez, em "Hairspray". A jovem atriz parece estar, ela mesma, maravilhada em estar ali naquele palco, com aquelas canções todas saindo de sua boca.
As duas amigas da protagonista são interpretadas por Rachel Ripani e pela fantástica ANDREZZA MASSEI, dona de uma incrível voz, de um talento cômico irresistível e uma simpatia que arrebatam o público. Massei é a melhor de todo o elenco de "Mamma Mia!". A rechonchuda paulistana rouba o show, assim como Jonathas Joba o fez em "Chicago" (como Mr. Cellophane), Roberto Rocha em "A Bela e a Fera" (como Le Fou) e Kacau Gomes em "Jekyll & Hyde" (como a prostituta).
Os três possíveis pais são interpretados por Cleto Baccic, Carlos Arruza e pelo sempre ótimo Saulo Vasconcelos, que ao lado de Kiara, já protagonizou quase todos os musicais trazidos ao país.
As coreografias embaladas do diretor residente Floriano Nogueira são divertidas e seguem a moda atual do público sentir uma vontade gigante de subir ao palco. De querer fazer parte daquilo que está vendo.
É um musical ingênuo, kitcsh, cativante e destinado a todas as idades e públicos. Para convidar levar a família inteira ao teatro e sair de lá com uma sensação mágica de alto-astral e de que a vida vale a pena quando é cantada.
Uma festa nostálgica para os ouvidos.
"Mamma Mia, how can I resist you?...", diz uma das canções originalmente. Realmente irresistível.
Artigos, críticas e resenhas de filmes, peças de teatro e musicais vistos no Brasil e no exterior.
29 novembro, 2010
27 novembro, 2010
"O Discurso do Rei", "A Origem" e "A Rede Social" estão cotados para o OSCAR de Melhor Filme.
A temporada de corrida para o OSCAR 2011 começa a esquentar agora que o final do ano se aproxima.
Dia 14 de Dezembro serão anunciados os indicados ao Globo de Ouro e com eles, os prováveis indicados à estatueta dourada, em cerimônia que acontecerá dia 27 de Fevereiro de 2011.
Desde já muitos filmes estão cotados. Na categoria Melhor Filme, já é dada como certa a indicação de "O DISCURSO DO REI" (The King's Speech) que traz mais uma interpretação brilhante de COLIN FIRTH como o rei George VI, monarca considerado inadequado para o trono britânico por causa de sua gagueira. O filme mostra sua relação com o fonoaudiólogo Lionel Logue (GEOFFREY RUSH). Foi um sucesso no último Festival de Toronto e traz também no elenco nomes como Helena Bonham-Carter, Derek Jacobi e Jennifer Ehle. A direção é de TOM HOOPER, de "Maldito Futebol Clube" (The Damned United, 2009).
Outro cotadíssimo para Melhor Filme é "127 HOURS", o novo longa de DANNY BOYLE ("Quem Quer ser Um Milionário?"), que coloca o cada vez mais talentoso JAMES FRANCO na pele de um jovem ciclista arrogante, preso numa fenda de um canyon no deserto de Utah. Pelo trailer, parece ser eletrizante. Baseado em fatos reais. A equipe técnica reúne os mesmos talentos de "Slumdog Millionaire": fotografia estupenda de Anthony Dod Mantle, trilha sonora de A. R. Rahman e roteiro de Simon Beaufoy. Quem viu em Toronto disse que é uma experiência emocional aterradora.
Outro provável concorrente é o aguardado "A REDE SOCIAL" (The Social Network), de DAVID FINCHER, sobre os criadores do Facebook e suas desavenças judiciais. JESSE EISENBERG deve concorrer pela primeira vez a Ator pelo papel de Mark Zuckenberg.
"A ORIGEM" (Inception), de Christopher Nolan, a animação
"Toy Story 3", o elogiadíssimo e vencedor de Sundance "THE WINTER'S BONE", de Debra Granik, o drama "MINHAS MÃES E MEU PAI" (The Kids Are Alright) e "O VENCEDOR" (The Fighter), que traz Mark Whalberg como um lutador em ascenção treinado pelo meio-irmão vivido por Christian Bale. A Academia adora um ringue de boxe e quando tem lágrimas é indefectível a entrada na lista.
Também estão sendo apontados como possíveis concorrentes:
o drama familiar "ANOTHER YEAR", dirigido por Mike Leigh ("Segredos e Mentiras"), com Jim Broadbent e Leslie Manville no elenco.
"BRAVURA INDÔMITA" (True Grit), o remake do classic-western com John Wayne, dos irmãos Coen, com Josh Brolin, Matt Damon e Jeff Bridges.
"CISNE NEGRO" (Black Swan), de Darren Aronofsky, que traz atuações elogiadas de Barbara Hershey e Natalie Portman. E uma surpresa, MILA KUNIS, num papel que pode lhe dar uma indicação a Atriz Coadjuvante.
"ATRAÇÃO PERIGOSA" (The Town), direção de Ben Affleck (em cartaz no Brasil).
"RABBIT HOLE", direção de John Cameron Mitchell ("Hedwig"), sobre o luto de um casal depois da morte do filho. Dizem que NICOLE KIDMAN está estupenda como a mãe. Deve concorrer a Melhor Atriz. Aaron Eckhart é o pai.
Para Melhor Direção os prováveis serão:
-DAVID FINCHER, que já concorreu por "O Curioso Caso de Benjamin Button" há 2 anos.
- DANNY BOYLE, vencedor por "Quem Quer Ser Um Milionário" ano passado.
- TOM HOOPER, por "O Discurso do Rei". Nunca indicado.
- CHRISTOPHER NOLAN, que deveria ter recebido uma indicação em 2008 por "The Dark Knight" (Batman - O Cavaleiro das Trevas).
- DAVID O. RUSSEL, por "O Vencedor", também nunca indicado mas tem no curriculo filmes como "Três Reis" (Three Kings) e "I Heart Huckabees".
03 novembro, 2010
"HAIR" - O canto vigoroso e as emoções libertárias lavam o público
No final dos anos 60, o musical de Gerome Ragni, James Rado e Galt MacDermot assombrava Nova York com sua quentíssima mensagem de amor, paz e não-à-guerra. 43 anos depois, os direitos autorais caem nas mãos das pessoas certas. Charles Moeller e Claudio Botelho recriam o musical "HAIR" com uma competência e uma qualidade arrebatadoras. A comunicação que eles estabelecem com a plateia desde os primeiros segundos é palpável e verdadeira. O revival da americana Diane Paulus que ficou em cartaz em 2009 e no início deste ano na Broadway e no West End (e ganhou o Tony Award) fica pequenino perto do estonteante trabalho de direção de Moeller.
Ao optar pela ambientação de uma fábrica ou galpão abandonado, é criado uma espécie de confinamento dos sonhos engasgados. Corações e mentes libertárias que urgem em desespero para sair dali em busca da mistura com o resto do mundo, num canto lindíssimo de vários NÃOS aos governantes que continuam invadindo países e matando, às famílias que ainda mandam seus filhos à guerra, ao preconceito com pessoas do mesmo sexo querendo paz e união, às mulheres que ainda são apedrejadas no Oriente. Um grande NÃO às possibilidades amedrontantes de ditaduras e à morte da liberdade de imprensa.
As soluções cênicas são deslumbrantes. O cenário de Rogério Falcão "deixa o sol entrar" circularmente por redondas frestas em pé-direito alto, através de hélices giratórias. As cores são vivas, púrpuras, energéticas. Os figurinos não são somente jeans rasgados, como em Nova York. Tudo aqui é mais elaborado, mais pesquisado, mais grandioso. Marcelo Pies fez uma peregrinação por brechós, uma espécie de viagem ao túnel do tempo para recriar a indumentária daquela tribo de hippies que gritavam o amor e a liberdade.
A vibração, a garra e a vontade de estar ali do elenco são contagiantes.
IGOR RIKLI está fulgurante como o líder Berger. Uma atuação diabólica que arranca os olhos da plateia para dentro dos dramas ali mostrados.
HUGO BONEMER está comovente como Claude, um rapaz empurrado para a guerra. É bonito demais ver a emoção transbordar pelos poros e olhos quando ele canta, já no final, "The Flesh Failures"
LETÍCIA COLIN é uma presença luminosa, mas para quem a viu em "O Despertar da Primavera" há de perceber que ela se repete. O registro de voz e falas em meio aos sorrisos aqui como Jeanie chegam a ser quase idênticos ao de sua Ilse.
DANILO TIMM, que teve um papel pequeno em "Despertar", aqui tem a grande chance de mostrar seu talento musical na pele da divertida Margaret Mead, a hipócrita mulher que quer fotografar a tribo de hippies como se fossem bichos. Quando ele canta "My Conviction" a plateia o aplaude em cena aberta, tamanha é a técnica vocal do rapaz.
A direção de Charles Moeller, além de todo o rigor e a maravilha de arrancar desempenhos frenéticos dos 30 atores em cena, tem um momento bonito de rima com o espetáculo anterior, "O Despertar da Primavera". Quando o pai dá um tapa no rosto de Claude, parte do elenco que está pendurada nos andaimes e escadarias de ferro reage, como num susto, exatamente como reagiram à agressão da mãe no rosto da menina Wendla.
"A paz há de lavar o mundo, o amor vai derramar", diz a versão de "Aquarius", que abre o musical "HAIR", que estreia sexta-feira, 5 de Novembro, no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro. As emoções transmitidas pela magnífica montagem brasileira realmente lavam o público e derramam-se sobre as poltronas do teatro. A missão de paz dos diretores Charles Moeller e Claudio Botelho tem alvo certeiro nos corações dos espectadores de qualquer idade.
Ao optar pela ambientação de uma fábrica ou galpão abandonado, é criado uma espécie de confinamento dos sonhos engasgados. Corações e mentes libertárias que urgem em desespero para sair dali em busca da mistura com o resto do mundo, num canto lindíssimo de vários NÃOS aos governantes que continuam invadindo países e matando, às famílias que ainda mandam seus filhos à guerra, ao preconceito com pessoas do mesmo sexo querendo paz e união, às mulheres que ainda são apedrejadas no Oriente. Um grande NÃO às possibilidades amedrontantes de ditaduras e à morte da liberdade de imprensa.
As soluções cênicas são deslumbrantes. O cenário de Rogério Falcão "deixa o sol entrar" circularmente por redondas frestas em pé-direito alto, através de hélices giratórias. As cores são vivas, púrpuras, energéticas. Os figurinos não são somente jeans rasgados, como em Nova York. Tudo aqui é mais elaborado, mais pesquisado, mais grandioso. Marcelo Pies fez uma peregrinação por brechós, uma espécie de viagem ao túnel do tempo para recriar a indumentária daquela tribo de hippies que gritavam o amor e a liberdade.
A vibração, a garra e a vontade de estar ali do elenco são contagiantes.
IGOR RIKLI está fulgurante como o líder Berger. Uma atuação diabólica que arranca os olhos da plateia para dentro dos dramas ali mostrados.
HUGO BONEMER está comovente como Claude, um rapaz empurrado para a guerra. É bonito demais ver a emoção transbordar pelos poros e olhos quando ele canta, já no final, "The Flesh Failures"
LETÍCIA COLIN é uma presença luminosa, mas para quem a viu em "O Despertar da Primavera" há de perceber que ela se repete. O registro de voz e falas em meio aos sorrisos aqui como Jeanie chegam a ser quase idênticos ao de sua Ilse.
DANILO TIMM, que teve um papel pequeno em "Despertar", aqui tem a grande chance de mostrar seu talento musical na pele da divertida Margaret Mead, a hipócrita mulher que quer fotografar a tribo de hippies como se fossem bichos. Quando ele canta "My Conviction" a plateia o aplaude em cena aberta, tamanha é a técnica vocal do rapaz.
A direção de Charles Moeller, além de todo o rigor e a maravilha de arrancar desempenhos frenéticos dos 30 atores em cena, tem um momento bonito de rima com o espetáculo anterior, "O Despertar da Primavera". Quando o pai dá um tapa no rosto de Claude, parte do elenco que está pendurada nos andaimes e escadarias de ferro reage, como num susto, exatamente como reagiram à agressão da mãe no rosto da menina Wendla.
"A paz há de lavar o mundo, o amor vai derramar", diz a versão de "Aquarius", que abre o musical "HAIR", que estreia sexta-feira, 5 de Novembro, no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro. As emoções transmitidas pela magnífica montagem brasileira realmente lavam o público e derramam-se sobre as poltronas do teatro. A missão de paz dos diretores Charles Moeller e Claudio Botelho tem alvo certeiro nos corações dos espectadores de qualquer idade.
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