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15 dezembro, 2011

Ryan Gosling e George Clooney são duplamente indicados ao Globo de Ouro.

Divulgadas as listas de indicações ao SAG (Screen Actor Guild Awards) e ao Globo de Ouro, críticos de vários jornais e cidades americanas fazendo suas costumeiras listas de melhores do ano, a corrida para o Oscar intensifica-se à medida que nomes aparecem e outros desaparecem.
"Tão Alto e Tão Perto" (Extremely Loud and Incredibly Close), de Stephen Daldry, "Drive", de Nicholas Winding Refn e "J. Edgar", de Clint Eastwood NÃO concorrem ao Globo de Ouro de Melhor Filme (a lista tem 6 nomes), mas deverão constar no Oscar, que terá prováveis 10 nomes.
 No Globo de Ouro, Steven Spielberg NÃO concorre a Melhor Diretor, mas "Cavalo de Guerra" (Warhorse) está na lista de Melhor Filme e "As Aventuras de Tintim" na lista de animações. Como pode um diretor ter 2 filmes indicados como melhores do ano e não concorrer como realizador? Vai entender. Outras ausências na lista foram:  Melissa McCarthy como Atriz Coadjuvante em "Missão Madrinha de Casamento" (Bridesmaids) e Armie Hammer como Ator Coadjuvante em "J. Edgar". Ambos concorrem ao SAG mas foram esnobados pelo Globo de Ouro. Em contrapartida, a novata Shailene Woodley, de 20 anos, ("Os Descendentes"), Michael Fassbender ("Shame") e Albert Brooks ("Drive"), que foram esquecidos pelo SAG, foram lembrados pelo Globo. Ryan Gosling, um dos atores mais notáveis desta geração, inacreditavelmente esquecido pelo SAG, concorre 2 vezes: Melhor Ator (Drama) em "Tudo Pelo Poder" (The Ides of March) e Ator (Comédia) em
 "Amor à Toda Prova" (Crazy, Stupid Love). Gosling também teve uma atuação fantástica este ano em "Drive".
George Clooney também concorre 2 vezes: Melhor Ator (Drama) em "Os Descendentes" e Diretor em "Tudo Pelo Poder" (The Ides Of March).
Talvez as maiores ausências nestas 2 listas sejam as de Gary Oldman  por "O Espião Que Sabia Demais" (Tinker Taylor Soldier Spy), de Tomas Alfredson, e Carey Mulligan, que teve ótimas e elogiadas atuações em "Shame" e
"Drive".
"Os Descendentes" (The Descendants), de Alexander Payne, parece seguir como o favorito para ganhar Melhor Filme (Drama) no Globo de Ouro, assim como o francês "O Artista" (L'Artiste), falado em nenhuma língua já que é mudo, deve ganhar como Comédia. Ambos serão os prováveis favoritos ao Oscar de Melhor Filme. 
A briga de Melhor Ator no Oscar também ficará a cargo dos dois protagonistas desses 2 filmes: Clooney e Jean Dujardin vêm ganhando quase todos os prêmios da crítica. No Globo eles não concorrem um com o outro, já que os filmes se dividem em "Drama" e "Comédia/Musical". Ambos devem ganhar os Globos nas respectivas categorias e irem fortes ao Oscar. Será que a Academia dará o prêmio a um francês que não fala nada em um filme mudo? Depois de Marion Cotillard, tudo é possível, e o longa parece brilhante.
A categoria de Melhor Atriz tem nomes fortes.  Meryl Streep vem ganhando vários prêmios de críticos pela personificação de Margaret Thatcher em "Dama de Ferro" (The Iron Lady), mas tem como concorrentes fortes:  Glenn Close em "Albert Nobbs"
e Tilda Swinton em "Precisamos Falar Sobre Kevin" (We Need to Talk About Kevin). Minha aposta é para Glenn Close, uma atriz estupenda, que já ganhou o Globo por telefilmes mas nunca por um longa. Há mais de 20 anos ela não concorre ao Oscar (prêmio que também nunca ganhou).  Sua última indicação foi por "Ligações Perigosas" (Dangerous Liaisons), em 1989. Em "Albert Nobbs", disfarça-se de homem, não por homossexualidade ou transexualidade, mas para sobreviver na sociedade machista da Irlanda do século 19.  Barbra Streisand viveu personagem parecido em "Yentl" (1983).  Close também é autora da letra da canção "Lay Your Head Down", cantada por Sinead O'Connor em "Albert Nobbs".
A favorita na categoria "Comédia" no Globo é Michelle Williams em "Minha Semana com Marilyn" (My Week With Marilyn), que enfrenta Kate Winslet e Jodie Foster, ambas de "Carnificina" (Carnage) e Kristen Wiig em "Missão Madrinha de Casamento".  
Desta vez não há musicais na categoria "Comédia/Musical". Os 5 indicados são comédias ou dramédias. O filme de Martin Scorsese, "A Invenção de Hugo Cabret" (Hugo), vencedor do National Board of Review, concorre a Melhor Filme (Drama), apesar de não ser exatamente um filme dramático e sim uma fantasia infanto-juvenil, com toques de ficção científica que homenageia o próprio cinema.
Uma boa surpresa na lista do Globo foi a indicação de Viggo Mortensen em "Um Método Perigoso" (A Dangerous Method), de David Cronenberg. Mortensen interpreta Sigmund Freud. Este ano, atores que interpretaram ícones como Margaret Thatcher, Marilyn Monroe, J. Edgar Hoover e Laurence Olivier foram todos indicados, confirmando a tradição de que os votantes gostam de interpretações de pessoas reais.
Entre os coadjuvantes masculinos o favorito absoluto é o veterano Christopher Plummer, que vive um gay tardio em
"Toda Forma de Amor" (Beginners).
Jonah Hill (que agora está magro), que não constava em nenhuma lista de previsão, foi uma das surpresas do SAG e Globo como Ator Coadjuvante em "O Homem Que Mudou o Jogo" (Moneyball), de Bennett Miller. Sua inclusão tirou nomes que estavam previstos como os de Ben Kigsley em "Hugo" e Max Von Sydow em "Tão Alto e Tão Perto".  Hill vem de filmes como "Superbad", "O Pior Trabalho do Mundo" (Get Him to the Geek) e "Ligeiramente Grávidos" (Knocked Up).
 Na Categoria Atriz Coadjuvante a favorita é a ascendente Jessica Chastain, em "Vidas Cruzadas" (The Help). A atriz também teve ótimas atuações como a mãe de "Árvore da Vida" (favorito na categoria Fotografia), "Coriolanus", "No Limite da Mentira" (The Debt) e "O Abrigo" (Take Shelter). É uma das grandes atrizes que despontam ao estrelato pela beleza e talento reconhecidos. Ela deve ser indicada ao Oscar e também vencer na categoria.
Muito justa a inclusão do extraordinário Joseph Gordon Levitt como Melhor Ator (Comédia) em "50/50". É um ator de talento indiscutível, com atuações excelentes nos últimos anos em filmes como "A Origem" (Inception), "Mistérios da Carne" (Mysterious Skin) e "500 Dias com Ela" (500 Days of Summer).
 Na categoria Filme Estrangeiro outra surpresa, "In The Land of Blood and Honey", dirigido por Angelina Jolie (e acusado de plágio), produção americana mas falada em bósnio.
Entre os concorrentes "O Garoto da Bicicleta" (Bélgica) e "A Pele Que Habito" (Espanha), mas o favorito é o iraniano "A Separação", que tende a seguir para o Oscar como favorito.
Entre as canções originais concorrem "The Living Proof" (Mary J. Blige), de "Histórias Cruzadas", "The Keeper" (Chris Cornell), de "Rendeção" (Machine Gun Preacher) - que estréia este fim de semana no Brasil e a incrível "Masterpiece" (Madonna), do filme também dirigido por ela "W.E.", que também concorre a Trilha Sonora, do polonês Abel Korzeniowski (de "Direito de Amar" (A Single Man).
 Trent Reznor & Atticus Ross, que ganharam ano passado o Globo e o Oscar por "A Rede Social", concorrem este ano pelo novo filme de David Fincher, ""Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (Girl With the Dragoon Tattoo). Elton John também concorre c a canção que ele fez com Lady Gaga em "Gnomeu e Julieta".
Entre as animações o favorito é o fabuloso "Rango", de Gore Verbinski, que concorre com "Carros 2", "As Aventuras de Tintim", "Operação Presente" (Arthur Christmas) e "Gato de Botas" (Puss in Boots). "Rio" ficou injustamente fora da lista, assim como "Kung Fu Panda 2".
Em Janeiro conheceremos quem são os indicados ao Oscar, mas já há 3 pesos-pesados, quase favoritos na briga de Melhor Filme: "A Invenção de Hugo Cabret", "O Artista" e "Os Descendentes". "Hugo" é um formidável elogio à sétima arte em forma de aventura dirigido pelo grande Scorsese. "O Artista" é outra homenagem ao próprio cinema, ousadamente mudo e último é um drama familiar como não poderia faltar em premiações. Quem ganhará? Minha lista de apostas para vencedores será postada em breve.










13 dezembro, 2011

Melhores de 2011 - CINEMA BRASILEIRO

Os merecedores do ano:


Filme:  "O PALHAÇO"
        2º lugar:  "NÃO SE PODE VIVER SEM AMOR" 



 Diretor:   SELTON MELLO ("O Palhaço")
        lugar:   Toni Venturi  ("Estamos Juntos")              


Ator:    CAIO BLAT ("Bróder")
         lugar:   Igor Cotrim ("Elvis e Madona")


Atriz:    DEBORAH SECCO ("Bruna Surfistinha")
         2º lugar: Karine Teles ("Riscado")


 Ator Coadjuvante:  VINÍCIUS DE OLIVEIRA  ("Assalto ao Banco Central")
         2º lugar:  Silvio Guindane ("Bróder")

Atriz Coadjuvante:  FABIULA NASCIMENTO ("Bruna Surfistinha" e "Não Se Pode Viver Sem Amor")
        lugar: Debora Falabella ("Meu País")

Revelações:  GABRIEL GODOY, VICTOR MENDES e JULIANA SCALCH ("OS 3")
                      VICTOR NAVEGA MOTTA      ("Não Se Pode Viver Sem Amor") 



Roteiro Original:  "Elvis e Madona"  (Marcelo Laffitte)
         lugar:  "Estamos Juntos" (Hilton Lacerda, Toni Venturi, Bruno Della Latta)


Roteiro Adaptado: "Bruna Surfistinha" (José de Carvalho, Antonia Pellegrino, Homero Olivetto)

Fotografia:  "O Palhaço"  (Adrian Teijido)

Trilha Sonora:  "O Palhaço"  (Plínio Profeta)

Edição:  "Não Se Pode Viver Sem Amor" (Gabriel Durán)


Direção de Arte:  "Estamos Juntos" (Renata Pinheiro) 

Figurino:  "O Palhaço" (Kika Lopes)



Efeitos Visuais:  "O Homem do Futuro" (Claudio Peralta)


Maquiagem:  "O Homem do Futuro"  (Martin Macias Trujillo)


 PIOR FILME BRASILEIRO DO ANO:  "CILADA.COM"



FILME ESTRANGEIRO:  "UM CONTO CHINÊS"  (Argentina) 






09 novembro, 2011

Cotados para o Oscar, safra de bons documentários inclui "Senna", de Asif Kapadia

O Oscar 2012 pode ter outra "vaga" para o Brasil. Se não concorrermos à categoria Melhor Filme Estrangeiro com "Tropa de Elite 2" há uma enorme chance de entrarmos novamente na lista dos documentários. Este ano poderemos estar entre os 5 indicados com "SENNA", do inglês Asif Kapadia, uma produção britânica com colaboração de brasileiros, sobre o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna. Há realmente chance de entrarmos nesta lista e repetir o feito de "Lixo Extraordinário" (Waste Land), sobre Vik Muniz, que concorreu na última ediçao do prêmio.  "Senna" estreou comercialmente no Brasil há um ano. Foi o documentário mais bem sucedido na história na Inglaterra e vem fazendo ótimas bilheterias nos vários países onde estreou nos últimos meses. Muito elogiado pelos críticos, o filme vem fazendo um gigante sucesso de público no exterior, muito mais que no Brasil. Ganhou o prêmio do público nos festivais de Sundance, Los Angeles e Melbourne.
Na categoria, os outros possíveis concorrentes são "A CAVERNA DOS SONHOS ESQUECIDOS" (Cave of Forgotten Dreams), de Werner Herzog, uma fabulosa reflexão sobre a existência humana. Em 1994 três pesquisadores descobriram, num vale remoto no sul da França, a caverna Chauvet-Pont-d’Arc, contendo os desenhos rupestres mais antigos já encontrados, de cerca de 32 mil anos atrás. As obras se mantiveram conservadas por séculos graças a um desmoronamento que tapou a entrada da caverna, que logo foi interditada pelo governo francês, para a preservação de suas pinturas, já que a respiração humana favorece a proliferação de fungos. Em belíssimas e surpreendentes imagens em 3D, o alemão Herzog narra seu filme, que exibe impressionantes desenhos de ursos, mamutes e cavalos. Exibido recentemente na Mostra de cinema de São Paulo, deve entrar em circuito comercial no Brasil no início do próximo ano.

"BUCK", também vencedor de prêmio da audiência em Sundance, fala sobre uma lenda viva no universo equestre, Buck Brannaman, que foi a inspiração para o filme "O Encantador de Cavalos" (The Horse Whisperer, 1998), dirigido por Robert Redford. Para o cowboy americano, os cavalos são espelhos da alma humana. Dirigido pela estreante Cindy Meehl, o documentário tenta mostrar como Brannaman conseguiu, ainda criança, desenvolver uma técnica de domesticação e adestramento de animais sem o uso de violência, justamente por tentar repassar o contrário do que sofreu na infância com o temperamento violento do pai.  Um filme que encanta não somente os apaixonados por cavalos, mas espectadores de quaisquer idades, já que fala sobre sabedoria, docilidade e uma grande experiência de vida. O documentário concorre ao Gotham Awards.

No dia 24 de Julho de 2010, o diretor Kevin Macdonald (de "O Último Rei da Escócia") convidou usuários do youtube a documentarem videos de suas vidas naquele exato dia. Essa experiência histórica global tornou-se o documentário "A VIDA EM UM DIA" (Life in a Day), uma espécie de cápsula do tempo para as gerações futuras entenderem como era estar vivo em 2010, e como a colaboração de todos era importante. Produzido por Ridley Scott, o filme está disponível na íntegra, no youtube.

Ameena, Cobe e Eddie têm em comum o passado ligado às gangues de bairros pobres de Chicago. Hoje, o que os une, é a luta contra a violência que antes propagavam. Eles são os "interrupters", pessoas com a função de intervir em conflitos antes que a situação saia do controle. Durante um ano, o diretor Steve James e o escritor Alex Kotlowitz acompanharam a rotina desses heróis contemporâneos e produziram o filme
"INTERROMPENDO A VIOLÊNCIA" (The Interrupters).

"LOUDER THAN A BOMB", de Greg Jacobs e Jon Siskel,  conta a história de quatro equipes do Poetry Slam de Chicago, que se preparam para competir no maior evento mundial de recitação de poesia juvenil. Entre esperança e desolação, o filme capta a vida turbulenta dessas inesquecíveis crianças, explorando os caminhos da escrita que formam o seu mundo e vice-versa. É a linguagem vista pelo olhar alegre de um grupo de adolescentes irresistivelmente talentosos e obcecados em fazer dançar as palavras. Embora os temas abordados sejam por vezes profundamente pessoais, o que os poemas revelam e o que deles emana é universal: o trabalho que define a busca de uma voz própria. Vencedor do prêmio do público no Festival de Palm Springs.

"TABLÓIDE" (Tabloid), de Errol Morris, faz um ataque ao jornalismo sensacionalista e de celebridades, contando a história da americana Joyce McKinney, que nos anos 70, ocupou a primeira página de jornais britânicos e americanos, acusada de sequestrar e violentar sexualmente um missionário mórmon em Londres.
Morris ganhou o Oscar de documentário em 2004 com "Sob a Névoa da Guerra" (The Fog of War), sobre a vida de Robert S. McNamara, que foi Secretário de Defesa dos governos dos Presidentes dos EUA Kennedy e Johnson.

"PROJECT NIM", de James Marsh (vencedor na categoria em 2009 por "O Equilibrista"),  conta a história de um chimpanzé utilizado como experimento científico pelo estudioso Herbert Terrace para tentar estabelecer uma comunicação entre humanos e chimpazés, por meio da linguagem de sinais.
Mais interessante do que mostrar o resultado da pesquisa, Marsh elaborou uma extensa pesquisa que revelou os atores desse experimento inusitado. Em seus depoimentos, eles relatam as dificuldades e suas relações nem sempre amigáveis com o chimpanzé Nim. Graças a imagens gravadas do projeto na época, é possível analisar como o chimpazé transitava entre o condicionamento cultural que era imposto a ele pelos humanos e o seu temperamento selvagem.
O documentário relata ainda a história um tanto quanto fantástica de Nim, desde o final do experimento até a sua morte. Marsh traz a gerações atuais a experiência que ficou famosa na década de 1970 e que comprovou que biologia e cultura não são integrativas no sentido de socializar animais irracionais com o modo de vida humana. Imperdível trabalho documental que deve ser visto não apenas por especialistas em linguística, mas também por todos que se comovem com os reflexos dos experimentos científicos com animais.
A lista dos indicados será divulgada dia 24 de Janeiro de 2012 e a 84ª edição do Oscar será dia 26 de Fevereiro. 

14 setembro, 2011

"Hysteria" mostra a invenção do vibrador em plena Londres vitoriana

Entre as novidades e lançamentos do Festival de Cinema de Toronto, está a insólita comédia "HYSTERIA".  Dirigida por Tania Wexler, situa-se por volta de 1880, em plena Londres da era vitoriana. Um grupo de médicos resolve tentar criar um instrumento que possa contornar a "histeria" feminina que assola a sociedade londrina da época. As aflições emocionais das mulheres são sanadas com a invenção do vibrador, através de um espanador de pó. No elenco estão HUGH DANCY, Rupert Everett e Maggie Gylenhaal.
Sem baixarias, a comédia britânica é levada com humor fleumático, alguma incorreção e um roteiro que foca a emancipação feminina. Imaginem se este filme fosse roteirizado pelo Bruno Mazzeo (do horrendo "Cilada.com".
Outra sensação do festival, o drama "SHAME", direção de Steve McQueen (homônimo do ator morto há 30 anos) traz o extraordinário MICHAEL FASSBENDER vivendo um executivo viciado em sexo que de repente tem que mudar sua rotina para receber a irmã (Carey Mulligan) em seu apartamento. O filme mostra o ator masturbando-se no banheiro da empresa onde trabalha. Fassbender saiu do Festival de Veneza com a Copa Volpi de Melhor Ator.
"Killer Joe" tem direção de William Friedkin ("O Exorcista") e traz Emile Hirsch como um jovem que contrata um matador (Matthew McCounaghey) para assassinar a própria mãe. 
"O Morro dos Ventos Uivantes" (Wuthering Heigths), é um retorno ao romance de Emily Bronté, repaginado para o público jovem. Dirigido pela inglesa Andrea Arnold ("Fish Tank", "Red Road"), traz o ator  James Howson no papel de Heathcliff. É a primeira vez que um ator negro faz o personagem.
"Winnie", de Darrell J. Roodt, é a a cinebiografia da esposa de Nelson Mandela, Winnie Mandela. O elenco tem Terrence Howard e Jennifer Hudson no papel-título.
"Elles", dirigido pela polonesa Malgoska Szumowska, traz Juliette Binoche no papel de uma jornalista da revista Elle francesa, cuja vida torna-se conturbada depois de fazer uma matéria com prostitutas.
"Sisters and Brothers" tem CORY MONTEITH (de "Glee") como um dos 4 irmãos de uma família problemática e espirituosa. 

"Peace, Love & Misunderstanding", de Bruce Beresford ("Conduzindo Miss Daisy") é a jornada de descobertas emocionais de uma advogada (Catherie Keener). O elenco tem Jane Fonda.
"The Woman in the Fifth" é um thriller que mostra um romance inusitado entre Ethan Hawke e Krsitin Scott Thomas, uma mulher misteriosa envolvida com crimes, com pano de fundo em Paris.
"Take This Waltz" é o novo trabalho da canadense Sarah Polley ("Minha Vida Sem Mim", "Longe Dela"). Michelle Williams é uma mulher dividida entre o amor do marido e a paixão por um homem que ela acabou de conhecer.
Nicole Kidman e Nicholas Cage estão juntos no novo filme de Joel Schumacher, "Trespass", sobre um casal que se depara com sua casa sendo invadida.
"Anonymous", de Roland Emmerich, joga luz sobre a possibilidade de William Shakespeare ser um fraude. O filme investiga a possibilidade do escritor inglês na verdade ter sido Edward de Vere, o duque de Oxford. O elenco tem Rhys Ifans, Vanessa Redgrave e David Thewlis.


17 agosto, 2011

Musical "As Bruxas de Eastwick" alça voo com encanto, sagacidade e tempero brasileiro.

O livro, de John Updike é de 1984. O filme, dirigido pelo australiano George Miller, é de 1987. A primeira montagem londrina do musical é de 2000. A adaptação para o palco é de John Dempsey, com música de Dana P. Rowe. Atualmente a produção britânica está em tour por várias cidades da Inglaterra. A montagem brasileira, que acaba de estrear em São Paulo, no Teatro Bradesco (Shopping Bourbon), além de estar no mesmo nível (ou possivelmente até melhor) que as produções originais, adiciona pimenta brasileira ao texto e às canções, adaptadas pelo sempre sensato Claudio Botelho, que ao lado do meticuloso Charles Moeller, jogam no caldeirão um certo tempero abrasileirado nas atuações e no humor (que já era negro), tudo organicamente inserido na divertida narrativa sardônica de uma cidadezinha do interior americano que entra em polvorosa por causa das aventuras sexuais de três mulheres locais e Darryl Van Horne, um estranho sedutor que chega ao lugar. O despertar erótico das jovens senhoras faz a fofoca correr solta. A plateia dá gargalhadas altas, como na deliciosa canção "Roupa Suja".
 Van Horne é o próprio diabo em forma de gente, um demônio faminto por sexo (curioso o seu segundo nome remeter a "horny": excitado sexualmente). As mulheres aprendem com ele a lidar com feitiços e bruxarias e chegam a levantar voo. No musical, esse momento encerra o primeiro ato e é um dos ápices do espetáculo. O técnico em efeitos visuais Heitor Cavalheiro, faz as bruxas literalmente voarem sobre a plateia, em momento de arrebatador deslumbramento para o público. Cavalheiro também é o responsável pela
flutuação do elenco na cena do sonho em "Um Violinista no Telhado" (dirigido pela mesma dupla), que está em cartaz no Rio. O falatório a respeito dos prazeres da alcova das mulheres é conduzido pela primeira dama Felicia Gabriel, brilhantemente interpretada por Fafy Siqueira, que tem gags impagáveis, sagacidade ímpar e uma voz excelente nas canções. 
Eduardo Galvão, como o diabo, melhorou muito musicalmente. Até sex-appeal ele aprendeu a ter para o papel. Seu melhor momento no teatro até agora. As bruxas são vividas por Sabrina Korgut, Renata Ricci e Maria Clara Gueiros. Korgut vive Jane, uma violoncelista acanhada que liberta-se sexualmente através de seu instrumento musical numa cena de grande voltagem erótica. A atriz já tinha demonstrado que era ultra-talentosa em "Avenida Q". Aqui, é um vulcão em erupção musical em cena. A luminosa Ricci (que atuou em "Sweet Charity" e foi Baby June em "Gypsy" ano passado) também está extraordinária como Sukie, a jornalista platinada que não consegue terminar frases. A cena em que o diabo a seduz, fazendo com que ela desate a falar ininterruptamente, em meio aos versos insinuantes é um dos pontos altos.
Maria Clara é uma comediante de talento comprovado na TV. Sua escultora Alexandra não é lá muito diferente da Bibi que ela interpreta na novela das 9, mas sua presença cômica é de grande valia para a veiculação de um texto onde a comédia politicamente incorreta reina. O humor negro corre solto neste musical, que tem figurinos do sempre competente Marcelo Pies, que ganhou este ano o prêmio Shell de Figurino por "Hair". O figurinista colobarou com Botelho & Moeller em todos os seus últimos musicais.
 O talentoso André Torquato, de 18 anos, que deixou todos boquiabertos como Tulsa e seu sapateado à la Gene Kelly em "Gypsy", interpreta Michael, filho de Alexandra. É da boca dele que ecoa a canção romântica mais bonita, "Dentro", um dueto com a ótima Clara Verdier, versão de Claudio Botelho para "Something" (que por sinal, em português, é mais bonita que a original). Além de cantar, Torquato também demonstra grande desenvoltura corporal na energética e contagiante coreografia de Alonso Barros na vibrante

"Dançar com o Demônio", que põe fogo literalmente no proscênio.
Vale ressaltar que esta montagem brasileira não é uma réplica das européias e americanas. Os cenários de Rogério Falcão são originais e reproduzem em muitos momentos a vila de Eastwick no background, em técnica parecida com a de "Um Violinista no Telhado". Os figurinos de Pies são novíssimos.
O uniforme de Fidel, o mordomo (Ben Ludmer),  lembra o visagismo de "A Família Addams" e o colete do diabo tem chamas flamejantes bordadas. Há canções que não estavam nas outras produções. Van Horne carregava um charuto nas montagens estrangeiras. Aqui, foi espertamente abstraído.
Outro fato curioso é o palco ser circundado com um arco de luzes. Dependendo de onde o espectador senta no teatro, dá a impressão de se ver a cidade de Eastwick através de uma luneta ou telescópio.
Entre os coadjuvantes, há as boas presenças de William Anderson, Patrick Amstalden e Daniel Nunes. 
"As Bruxas de Eastwick" é formidavelmente cômico, tecnicamente encantador, musicalmente divertido, cenograficamente mágico. Claudio Botelho e Charles Moeller acertaram mais uma vez. 











04 agosto, 2011

"Ghost - The Musical" tem cenários high-tech, efeitos ilusionistas e canções memoráveis.


Há exatamente 20 anos "Ghost", o filme, de Jerry Zucker, fez um sucesso retumbante nos cinemas. Concorreu ao Oscar de Melhor Filme e deu a Whoopi Goldberg a estatueta de Atriz Coadjuvante. Há 5 semanas estreou no West End, em Londres, a esperada montagem que transformou o longa em um musical. O texto (que todo mundo conhece) é do mesmo Bruce Joel Rubin, o roteirista oscarizado do filme. Continuam no palco todas as cenas antológicas e  hilariantes do filme, exceto a da moeda que percorre a porta. O efeito minimalista não funcionaria no teatro.  "GHOST - THE MUSICAL" é um espetáculo de imenso apelo popular, ultramoderno em sua concepção cenográfica. A iluminação, em parceria com as projeções, têm papéis fundamentais para criar a atmosfera de magia, espiritualidade e aceleração de uma megalópole transposta para o palco. Quase todos os cenários são vistosamente digitais: o background de Nova York, as janelas e vidraças de escritórios e os vagões movimentados do metrô.
Todos os sets são funcionais e orgânicos com a narrativa.
Quase nada soa desnecessário. É um musical high-tech. As laterais do palco são preenchidas verticalmente com spotlights que ofuscam a platéia (como faróis de carros) nos momentos-chave de ilusionismos. Os efeitos visuais também são dignos de nota. O responsável é o ilusionista PAUL KIEVE, colaborador de "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban". A plateia fica maravilhada ao ver Sam Wheat atravessar portas e transpor objetos. 
As cancões, a maioria pop-rock, uma gospel, outra de pegada street-dance e baladas românticas, são de DAVE STEWART (ex-parceiro de Annie Lennox no duet Eurythmics) e GLEN BALLARD, que tem no currículo arranjos e letras de canções de Michael Jackson a Alanis Morrissette (o album 'Jagged Little Pill', vencedor do Grammy, é dele). Sim, as músicas são reconfortantes e energéticas.  Todos saem do teatro encantados, cantarolando e comprando o CD ou fazendo o download assim que chegam em casa.
 Sam Wheat é interpretado por RICHARD FLEESHMAN, em sua primeira oportunidade como protagonista. Ano passado ele estreou no West End na montagem de "Legally Blonde". Este é seu segundo musical. Um ator que deixa a desejar em momentos dramáticos, mas soube construir com muita verossimilhança um sotaque americano crível (ele é britânico). Tem uma voz potente, virilidade e uma robustez cênica essenciais para a identificação com o personagem. Seus solos em "Hold On" e "I Had a Life" são vigorosos.
 Molly Jensen foi entregue à canadense CAISSIE LEVY, conhecida como Sheila na montagem recente de "Hair", Elphaba em "Wicked", Penny Pingleton em "Hairspray" e Maureen em "Rent". Uma voz limpa e possante, perfeita para interpretar canções com grande apelo emocional como "With You", "Nothing Stops Another Day" e "Rain".
A vidente charlatã é vivida pela extraordinária SHARON D. CLARKE, inglesa nascida e criada em Londres e com um currículo que inclui Mamma Morton em "Chicago", Rafiki em "The Lion King" (sua voz em "The Circle of Life" é inconfundível), Maybelle em "Hairspray" e Joanne em "Rent". Uma atriz de grande segurança dramática, inteligente na composição de uma vigarista. Ela consegue ser tão boa quanto Whoopi Goldberg sem imitá-la. E que voz! 
Whoopi não daria conta de suas canções. Sua interpretação vibrante em "I'm Outta Here" (cujos acordes lembram "It's Raining Men") é arrasadora.
O vilão Carl Bruner é o britânico ANDREW LANGTREE, cujo background inclui Sky no elenco londrino original de "Mamma Mia" e Eddie em "Blood Brothers". 
O veterano MARK WHITE tem um breve e ótimo momento como o morto que recepciona Sam no hospital e canta a divertida "Ball of Wax" (Baile de Cera). White foi Tulsa em "Gypsy" e Mike em "A Chorus Line".
As coreografias são de responsabilidade do australiano ASHLEY WALLEN, colaborador de Baz Luhrmann em algumas danças em "Moulin Rouge" e na versão cinematográfica de "Phantom of the Opera". Wallen também coreografou algumas cenas do novo filme de Madonna, "W.E." e também a divertida campanha da Lipton, onde Hugh Jackman saltita e dança em vários lugares do mundo. As coreografias de "Ghost" são modernas, urbanas, street-dance misturadas a um curioso balé que se expande nas sombras e silhuetas das projeções.
Andrew Lloyd Webber foi ver "Ghost" esta semana e vaticinou o show como "um dos melhores musicais dos últimos 20 anos". Um comentário superestimado, claro, mas que trará reconhecimento ainda maior a este espetáculo que acaba de estrear em Londres com elogios dos grandes jornais e críticas favoráveis, com carreira prevista até janeiro de 2012, mas certamente ficará alguns anos em cartaz, merecidamente.












21 julho, 2011

Já existe 'Oscar buzz' em torno dos novos filmes de Cronenberg, Eastwood e Daldry.

Ainda estamos em Julho mas na indústria e no métier já existe burburinho em torno dos possíveis indicados aos principais prêmios do primeiro semestre de 2012: Globo de Ouro, BAFTA, National Board of Review e claro, o Oscar, apenas citando alguns. Já existe "Oscar buzz" circundando algumas produções que ainda estrearão nos próximos meses. Woody Allen deve receber algumas indicações pelo seu delicioso "Meia-Noite em Paris" (Midnight in Paris), o maior sucesso comercial da carreira do neurastênico novaiorquino. Pelo menos na categoria Roteiro Original sua indicação é certa (deve ter como concorrente a comédia também muito bem-sucedida "Missão Madrinha de Casamento" (Bridesmaids).
 "A Dangerous Method", novo filme de David Cronenberg, traz à tona um recorte na vida do psiquiatra suiço Carl Jung, sua amizade com Sigmund Freud, e sua obsessão por uma de suas pacientes, vivida por Keira Knightley. Jung é interpretado pelo incrível e ascendente Michael Fassbender (o Magneto do último "X-Men: First Class"), que pode receber uma indicação para Melhor Ator. Freud é ressuscitado pelo talento de Viggo Mortensen. O filme será exibido em Setembro no Festival de Veneza. O canadense Cronenberg nunca recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Diretor, embora tenha uma filmografia que inclui grandes filmes como "Spider", "Marcas da Violência" (A History of Violence) e "Senhores do Crime" (Eastern Promises). Este talvez seja o filme com o qual ele seja reconhecido com uma indicação ao prêmio.
"J. Edgar", de Clint Eastwood, é desde já um dos mais cotados para Melhor Filme.
Biografia de John Edgar Hoover (Leonardo di Caprio), controversa figura política, chefe do FBI durante quase 50 anos e amante de seu funcionário Clyde Tolson, vivido pelo ótimo Armie Hammer (os gêmeos de "A Rede Social"). O roteiro é de Dustin Lance Black, que venceu o Oscar de Roteiro Original por "Milk".  "Descendants" é o novo projeto do diretor Alexander Payne (de "Sideways" e "As Confissões de Schmidt"), com George Clooney vivendo um homem que precisa reconquistar o amor de suas duas filhas, depois da morte acidental da esposa. Clooney lançará nos próximos meses sua nova direção "The Ides of March", que traz grandes interpretações de Ryan Gosling e Philip Seymour Hoffman. "We Bought a Zoo", baseado no livro de Jonathan S. Foer, é a tentativa de reconhecimento de Cameron Crowe. Há 6 anos o diretor lançou o morno "Tudo Acontece em Elizabethtown". Talvez agora o realizador retome o prestígio que obteve com "Quase Famosos", em 2000 . No elenco, Matt Damon e Scarlett Johansson vivendo um casal às voltas com a administração de um zoológico falido. 
"Extremely Loud and Incredibly Close" é dirigido por Stephen Daldry ("Billy Eliot", "As Horas"), com Tom Hanks e Sandra Bullock, e investiga as feridas do 11 de Setembro. "Cavalo de Guerra" (Warhorse), de Steven Spielberg, pode dar ao diretor uma indicação (a última vez que ele concorreu foi em 2005, por "Munique"). Há quem diga que a nomeação é certa para o francês Niels Arestrup (de "O Profeta"), como Ator Coadjuvante.
"A Árvore da Vida" (The Tree of Life), de Terrence Malick, Palma de Ouro em Cannes de Melhor Filme este ano, estreia no Brasil dentro de algumas semanas, tem grandes chances também. Brad Pitt cotado como coadjuvante.
Entre os filmes estrangeiros já existe especulação em torno do espanhol "La Piel Que Habito", de Almodóvar e do francês "L'Artiste", filme mudo sobre a transição do cinema-mudo para o falado no anos 20, de Michel Hazanavicius, que deu ao seu protagonista, Jean Dujardin, a Palma de Ouro de Melhor Ator em Cannes.
 Dujardin pode ter como concorrentes Gary Oldman no thriller "Tinker, Taylor, Soldier, Spy" e Sean Penn na pele de um rockstar maquiado em "This Must Be The Place".
Entre as possíveis indicadas a Melhor Atriz estão a sempre fabulosa Glenn Close, vivendo uma mulher que se passa por homem na Irlanda do final do século 19, em "Albert Nobbs".  A atriz não concorre ao Oscar há 22 anos (desde "Ligações Perigosas"). Dirigido pelo colombiano Rodrigo García (filho do escritor Gabriel García Marquez), traz no elenco a australiana Mia Wasikowska ("Alice") e Jonathan Rhys Meyers ("Match Point"). Janet McTeer, também vivendo uma 'crossdressing woman', tem chances como coadjuvante. No páreo também está Meryl Streep, que pode receber sua 17a indicação por "A Dama de Ferro" (The Iron Lady), no papel da Primeira Ministra Margaret Thatcher.  As duas podem ter como concorrente Kirsten Dunst, vencedora em Cannes por "Melancolia" (Melancholia), do polêmico Lars Von Trier. Mas depois do papelão antissemita em Cannes, será que seu filme ainda terá prestígio junto aos votantes?
Entre os coadjuvantes, há muitos elogios e comentários para a performance da inglesa Andrea Riseborough, pelo papel de Wallis Simpson, uma americana divorciada que vive um affair com o rei Edward VIII em "W.E.", dirigido por MadonnaViola Davis ("Dúvida") e a novata Octavia Spencer foram muito elogiadas no drama "Vidas Cruzadas" (The Help), sobre preconceito racial no sul dos EUA.
Naomi Watts e Judi Dench estão cotadas em "J. Edgar".  Christopher Plummer deve receber uma indicação como coadjuvante pelo personagem de pai gay que sai tardiamente do armário em "Begginers".  Kenneth Branagh também tem chances pela personificação de Laurence Olivier em "My Week with Marilyn". 
O garoto Thomas Horn pode ser indicado por "Extremely Loud and Incredibly Close".  Albert Brooks vem sendo elogiado em "Drive" (no qual Ryan Gosling vive um dublê).
 Ben Kingsley pode concorrer por "Hugo", a fantasia de Martin Scorsese situada na Paris dos anos 30, com roteiro de John Logan ("Gladiador"), que também escreveu a fabulosa animação "Rango", de Gore Verbinski, até agora a favorita, junto com "Rio", de Carlos Saldanha, para Melhor Animação. Em 2012 parece que a Disney e a Pixar, depois de muitos anos, ficarão de fora na categoria. 

Muitas campanhas ainda serão feitas, muitos estúdios enlouquecerão, Harvey Weinstein (da Miramax) ainda gastará milhões tentando convencer os votantes da qualidade de suas produções (como fez com o mediano "O Discurso do Rei" (The King's Speech).  Adoraria poder dizer "que vença o melhor", mas nem sempre é assim que acontece. 


27 maio, 2011

"BEGINNERS" traz Christopher Plummer vivendo um pai que sai do armário aos 75.

Dia 3 de Junho estreia nos EUA o novo trabalho do diretor americano Mike Mills, "BEGINNERS". Mills retorna à direção de longas cinco anos depois do festejado "Impulsividade" (Thumbsucker, 2005), que trazia o ator Lou Taylor Pucci interpretando um adolescente e sua obssessão oral por chupar o próprio polegar. Desta vez, Mills investe em um drama semi-autobiográfico com borrifos de comédia, mostrando a relação pai-e-filho de uma maneira espirituosa e delicada. A dramédia tem ação em Los Angeles, em 2003. EWAN MCGREGOR é Oliver, um depressivo designer gráfico cujo trabalho pouca gente conhece. Está começando um relacionamento com Anna (a francesa MÉLANIE LAURENT, de "Bastardos Inglórios") e tem um cachorro fofo antropomorfizado chamado Arthur cujos pensamentos ele consegue ler. Oliver é acometido com duas bombásticas notícias: seu pai (CHRISTOPHER PLUMMER) saiu do armário aos 75 anos de idade, depois da viuvez e está com câncer em estado terminal.
O fato de Oliver conversar com seu 'jack russel terrier' (há divertidas legendas na oralidade do pet) traz um certo realismo mágico à narrativa, que também é repleta de sarcasmo ao tratar de perdas e reinvenções de vidas.
O filme tem desdobramentos não-lineares e mostra a confusão mental de um homem de meia-idade ao deparar-se com a morte iminente de seu pai, o mesmo revelando-se gay, investindo em um namorado (o ator croata GORAN VISNJIC), frequentando baladas e comprando revistas temáticas. Sua desorientação, porém, nem é tanto pelo fato da revelação da homossexualidade do pai. Seus insights residem no fato dele se questionar como o pai pôde permanecer 45 anos casado com sua mãe. A imagem do pai beijando sua mãe antes de sair para o trabalho não sai de sua cabeça. Ele amava a esposa? Os questionamentos dentro de sua cabeça sobre relações conjugais o levam a avaliar se ele mesmo deveria casar-se.
 Ewan McGregor e Mélanie Laurent são um casal cativante, cuja química irradia na tela. O canadense Christopher Plummer é um ator iluminado, repleto de um repertório de nuances e singelezas interpretativas de fazer gosto de ver. Ano passado ele concorreu ao Oscar de Ator Coadjuvante pela personificação de Leon Tolstoy em "A Última Estação" (The Last Station).
O roteiro semi-autobiográfico de Mike Mills investiga a vida de seus próprios pais e fala de uma maneira lírica essa jornada emocional com olhar poético e corajoso sobre a repressão que possa existir no universo heterossexual.
 "Beginners" é um filme doce, original e bem amarrado sobre a intimidade e o amor entre pai-e-filho e sobre novos caminhos nas vidas de dois homens de idades distintas.
Lou Taylor Pucci, o adolescente de "Impulsividade" faz aqui uma ponta no papel de um mágico.
 Exibido no último Festival de Toronto, em setembro do ano passado, passou também pelos Festivais de San Franciso e Seatlle há algumas semanas. Em Junho, será o filme de encerramento no Festival de Sydney. Em Julho estreará na Inglaterra, Suécia e Polônia. Ainda sem previsão de estreia no Brasil.