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04 agosto, 2011

"Ghost - The Musical" tem cenários high-tech, efeitos ilusionistas e canções memoráveis.


Há exatamente 20 anos "Ghost", o filme, de Jerry Zucker, fez um sucesso retumbante nos cinemas. Concorreu ao Oscar de Melhor Filme e deu a Whoopi Goldberg a estatueta de Atriz Coadjuvante. Há 5 semanas estreou no West End, em Londres, a esperada montagem que transformou o longa em um musical. O texto (que todo mundo conhece) é do mesmo Bruce Joel Rubin, o roteirista oscarizado do filme. Continuam no palco todas as cenas antológicas e  hilariantes do filme, exceto a da moeda que percorre a porta. O efeito minimalista não funcionaria no teatro.  "GHOST - THE MUSICAL" é um espetáculo de imenso apelo popular, ultramoderno em sua concepção cenográfica. A iluminação, em parceria com as projeções, têm papéis fundamentais para criar a atmosfera de magia, espiritualidade e aceleração de uma megalópole transposta para o palco. Quase todos os cenários são vistosamente digitais: o background de Nova York, as janelas e vidraças de escritórios e os vagões movimentados do metrô.
Todos os sets são funcionais e orgânicos com a narrativa.
Quase nada soa desnecessário. É um musical high-tech. As laterais do palco são preenchidas verticalmente com spotlights que ofuscam a platéia (como faróis de carros) nos momentos-chave de ilusionismos. Os efeitos visuais também são dignos de nota. O responsável é o ilusionista PAUL KIEVE, colaborador de "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban". A plateia fica maravilhada ao ver Sam Wheat atravessar portas e transpor objetos. 
As cancões, a maioria pop-rock, uma gospel, outra de pegada street-dance e baladas românticas, são de DAVE STEWART (ex-parceiro de Annie Lennox no duet Eurythmics) e GLEN BALLARD, que tem no currículo arranjos e letras de canções de Michael Jackson a Alanis Morrissette (o album 'Jagged Little Pill', vencedor do Grammy, é dele). Sim, as músicas são reconfortantes e energéticas.  Todos saem do teatro encantados, cantarolando e comprando o CD ou fazendo o download assim que chegam em casa.
 Sam Wheat é interpretado por RICHARD FLEESHMAN, em sua primeira oportunidade como protagonista. Ano passado ele estreou no West End na montagem de "Legally Blonde". Este é seu segundo musical. Um ator que deixa a desejar em momentos dramáticos, mas soube construir com muita verossimilhança um sotaque americano crível (ele é britânico). Tem uma voz potente, virilidade e uma robustez cênica essenciais para a identificação com o personagem. Seus solos em "Hold On" e "I Had a Life" são vigorosos.
 Molly Jensen foi entregue à canadense CAISSIE LEVY, conhecida como Sheila na montagem recente de "Hair", Elphaba em "Wicked", Penny Pingleton em "Hairspray" e Maureen em "Rent". Uma voz limpa e possante, perfeita para interpretar canções com grande apelo emocional como "With You", "Nothing Stops Another Day" e "Rain".
A vidente charlatã é vivida pela extraordinária SHARON D. CLARKE, inglesa nascida e criada em Londres e com um currículo que inclui Mamma Morton em "Chicago", Rafiki em "The Lion King" (sua voz em "The Circle of Life" é inconfundível), Maybelle em "Hairspray" e Joanne em "Rent". Uma atriz de grande segurança dramática, inteligente na composição de uma vigarista. Ela consegue ser tão boa quanto Whoopi Goldberg sem imitá-la. E que voz! 
Whoopi não daria conta de suas canções. Sua interpretação vibrante em "I'm Outta Here" (cujos acordes lembram "It's Raining Men") é arrasadora.
O vilão Carl Bruner é o britânico ANDREW LANGTREE, cujo background inclui Sky no elenco londrino original de "Mamma Mia" e Eddie em "Blood Brothers". 
O veterano MARK WHITE tem um breve e ótimo momento como o morto que recepciona Sam no hospital e canta a divertida "Ball of Wax" (Baile de Cera). White foi Tulsa em "Gypsy" e Mike em "A Chorus Line".
As coreografias são de responsabilidade do australiano ASHLEY WALLEN, colaborador de Baz Luhrmann em algumas danças em "Moulin Rouge" e na versão cinematográfica de "Phantom of the Opera". Wallen também coreografou algumas cenas do novo filme de Madonna, "W.E." e também a divertida campanha da Lipton, onde Hugh Jackman saltita e dança em vários lugares do mundo. As coreografias de "Ghost" são modernas, urbanas, street-dance misturadas a um curioso balé que se expande nas sombras e silhuetas das projeções.
Andrew Lloyd Webber foi ver "Ghost" esta semana e vaticinou o show como "um dos melhores musicais dos últimos 20 anos". Um comentário superestimado, claro, mas que trará reconhecimento ainda maior a este espetáculo que acaba de estrear em Londres com elogios dos grandes jornais e críticas favoráveis, com carreira prevista até janeiro de 2012, mas certamente ficará alguns anos em cartaz, merecidamente.












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