Aos 37 anos (23 de carreira), o galês CHRISTIAN BALE está na reta final para receber sua primeiríssima indicação ao Oscar, como Ator Coadjuvante, no drama "O Vencedor" (The Fighter), no qual interpreta o irmão-mentor de um boxeador com a mesma ferocidade e empenho que o elevaram ao patamar de um melhores atores de sua geração.
Ele não ter recebido até hoje uma indicação ao prêmio da Academia é no mínimo uma injustiça, visto que nos últimos anos ele entregou interpretações vigorosas e brilhantes em filmes como "O Operário" (The Machinist, 2004), "Os Indomáveis" (3:10 to Yuma, 2007), "O Sobrevivente" (Rescue Down, 2006), além de "O Grande Truque" (The Prestige, 2006) e suas duas contribuições como Batman.
Bale é um ator extraordinário. Ele pode personificar o mocinho delicado e romântico, como em "Adoráveis Mulheres" ( Little Women, 1994), um explorador inglês disputando o amor de Pocahontas, como no belíssimo filme de Terrence Malick, "O Novo Mundo" (The New World, 2005) ou um assassino desalmado e amedrontante, como em "O Psicopata Americano" (American Psycho, 2000).
Ele estreou aos 12 anos, como o menino que se perde dos pais e que se salva através de sua paixão pela vida e por aviões no arrebatador "Império do Sol" (Empire of the Sun, 1987), um dos melhores filmes da carreira de Steven Spielberg.
É peculiar também seu registro dramático no excelente "Laurel Canyon - A Rua das Tentações", dirigido com competência pela ótima Lisa Cholodenko, que este ano lançou "Minhas Mães e Meu Pai" (The Kids are Alright).
Este ano, ele deve enfrentar na categoria Melhor Ator Coadjuvante o veterano Geoffrey Rush, no papel do fonoaudiólogo em "O Discurso do Rei" (The King's Speech), Jeremy Renner (de "Guerra ao Terror") em "Atração Perigosa" (The Town), John Hawkes, em "Inverno da Alma" (Winter's Bone) e Mark Ruffalo em "Meus Pais e Minha Mãe" (The Kids Are Alright).
Pelo papel do abatido boxeador em "O Vencedor" (The Fighter), Bale (que emagreceu quase tanto quanto em "O Operário") já venceu o National Board of Review e a Associação dos Críticos de Boston e Washington, além de indicações ao Globo de Ouro, Satellite, Critic's Choice e Independent Spirit Awards.
É o favorito até agora na categoria.
Pela carreira brilhante e pela extrema dedicação e talento ele merece este prêmio a esta altura de sua trajetória como um dos grandes atores de sua época.
Artigos, críticas e resenhas de filmes, peças de teatro e musicais vistos no Brasil e no exterior.
16 dezembro, 2010
13 dezembro, 2010
México, França, Canadá e Turquia são os prováveis indicados ao Oscar de Filme Estrangeiro.
65 países enviaram seus filmes para tentar uma das cinco vagas da prestigiada categoria Melhor Filme Estrangeiro, no Oscar 2011. Há alguns anos, estas cinco indicações ficavam algo "restritas" a filmes europeus, e uma ou outra nomeação para um filme asiático ou latino. Hoje, a Academia passou a ser geopoliticamente correta e pulveriza as cinco indicações aos vários continentes.
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Entre os prováveis concorrentes este ano, o mexicano "BIUTIFUL", de Alejandro Gonzalez-Iñarritu (Palma de Ouro em Cannes para Javier Bardem). Iñarritu tem no currículo filmes incríveis como "Amores Brutos" (Amores Perros), "21 Gramas" (21 Grams) e "Babel". Indicado ao Globo de Ouro de Filme Estrangeiro.
O canadense "INCENDIES" (falado em francês e árabe) narra a jornada de descobertas pessoais de dois irmãos gêmeos, em direção às origens e raízes muçulmanas de seus sangues. A indústria dificilmente o deixará de fora nessa premiação. Foi um enorme sucesso no Festival de Toronto, um dos maiores termômetros dos filmes que serão concorrentes ao Oscar.
Do Peru, o drama "CONTRACORRIENTE", exibido no Brasil na Mostra de São Paulo, sobre as desventuras emocionais de um pescador casado, sua mulher grávida e seu oculto relacionamento com outro homem, numa comunidade litorânea de pensamentos ainda arcaicos. Vencedor do grande prêmio do público no último Festival de Sundance.
O francês "DES HOMMES ET DES DIEUX", de Xavier Beauvois, é desde já um dos favoritos. Monges, muçulmanos, fundamentalismo e a guerra civil na Argélia, nos anos 90, é o pano de fundo deste drama que venceu o National Board of Review de Melhor Filme Estrangeiro.
O sul-africano "CHANDA'S SECRETS" (Life, Above All) é um drama universal com tintas fortes sobre lealdade, força e coragem de uma garotinha de 12 anos (a estreante Khomotso Manyaka), que luta pela sua família numa comunidade acerca de Johannesburgo.
A Turquia pode receber sua primeira indicação na categoria com o delicado drama "UM DOCE OLHAR" (Bal), sobre o relacionamento silencioso e profundo entre pai-e-filho. Já disponível em DVD no Brasil. Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim, há um ano.
A Argentina pode concorrer novamente com o vigoroso "ABUTRES" (Carrancho), de Pablo Trapero, com Ricardo Darín e Martina Guzman (ótima), sobre o alto índice de mortes em acidentes de trânsito e um romance como mote principal.
Da Tailândia, "TIO BONMEE QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS", de Apichatpong Weerasethakul, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, e incensado pelos críticos.
Minhas apostas pessoais vão para:
"EASTERN PLAYS", da Bulgária, sobre o relacionamento conflituoso entre dois irmãos, um deles, neonazista.
Da Islândia, "MAMA GÓGÓ, um drama com toques de comédia sobre um homem às voltas com problemas financeiros e a mãe que começa a apresentar sintomas de Alzheimer.
Deve entrar na lista também o inusitado "STEAM OF LIFE" (Miesten Vuoro), da Finlândia, fala sobre homens e mulheres de várias faixas etárias que abrem seus corações e seus desabafos em saunas a vapor construídas ao redor de suas casas rurais.
De Portugal, "MORRER COMO UM HOMEM", de João Pedro Rodrigues, sobre a vontade de uma transexual de refazer o dolorido caminho de volta. Uma transição às avessas para tornar-se homem novamente. Fados, cafonices e algum drama neste interessante filme, exibido no Festival Mix Brasil de 2009.
A Itália enviou "LA PRIMA COSA BELLA", sobre um professor misantropo que retorna à sua cidade-natal e ao leito de morte de sua mãe e relembra fatos do passado, como o desejo dela de ser atriz.
A Espanha escolheu "TAMBIÉN LA LLUVIA", com Gael García Bernal e Luis Tosar, como cineastas que viajam à Bolívia para filmar um longa sobre Cristóvão Colombo.
O Chile enviou "LA VIDA DE LOS PECES", de Matias Bize ("En La Cama"), sobre o retorno ao passado de um homem.
"DEL AMOR Y OTROS DEMONIOS" (De Amor e Outros Demônios), baseado no famoso livro de Gabriel García Marquez, é a aposta de Costa Rica. Pelo trailer, muito fraco. Não será desta vez.
Da Alemanha, o muito elogiado "DIE FREMDE" (When We Leave), sobre uma mulher de origem turca, o relacionamento conflituoso com a familia e a reconstrução de sua nova vida na Alemanha. Atuação muito prestigiada da atriz SIBEL KEKILLI, de "Contra a Parede" (Gegen Die Wand, 2004).
Da Nicarágua, uma garota pobre sonha em ser boxeadora, em "LA YUMA".
O Brasil enviou o irregular "LULA", de Fabio Barreto (que já concorreu com "Quatrilho"), mas somente se um milagre acontecer ele entrará nesta prestigiada e sonhada lista.
11 dezembro, 2010
"QUANTO DURA O AMOR?", o inebriante filme de Roberto Moreira sobre paixões assimétricas em São Paulo, agora em DVD.
Quando o diretor Roberto Moreira juntou-se à atriz Sílvia Lourenço há alguns anos para escrever o roteiro de um filme que a principio seria uma comédia dramática, não pensaram que a edição final os empurraria a tratar de desencontros e amores efêmeros tendo como pano de fundo uma cidade que fala e cala por si mesma. "Condomínio Jaqueline", o projeto inicial, transmuta-se no título que questiona e indaga acerca do objetivo de felicidade de muitos.
O condomínio continua lá, no cruzamento das avenidas Consolação e Paulista, alguns personagens são os mesmos (outros cairam na edição), a fotografia exibe uma São Paulo inebriante, iluminada por neons poéticos a la Wong Kar-Wai, faróis de carros como se fossem sangue circulante e os amores expressos que enchem os corações dos personagens de esperanças e possibilidades.
Marina (Sílvia Lourenço) é uma jovem atriz que se muda do interior para a capital paulista em busca de seu sonho cosmopolita. Acaba dividindo apartamento com a bela e enigmática advogada Suzana (Maria Clara Spinelli, surpreendente), que está engatando um romance promissor com o galanteador colega de escritório Gil (Gustavo Machado). Marina penetra nos inferninhos da Rua Augusta e envolve-se com a cantora Justine (Danni Carlos), que tem uma relação tumultuada com seu produtor Nuno (Paulo Vilhena). No mesmo condomínio onde moram Suzana e Marina, o vizinho Jay (Fabio Herford), escritor fracassado, apaixona-se pela garota de programa Michelle (Leilah Moreno, hilária), formando um cenário múltiplo de personagens cativantes, sinceros e bem construídos. No elenco ainda temos presenças de ótimos atores como Paula Pretta (aqui também produtora de elenco), que vive Wladia, irmã de Suzana; Sérgio Guizé, que vive Caio, namorado de Marina; e Ailton Graça, que vive o zelador do prédio. Papéis todos eles maiores no roteiro, mas enxugados na edição para dar foco às desventuras dos três nichos amorosos que resultaram em um belo retrato inebriante da solitária capital paulistana.
É inteligente a sutil composição de Sílvia Lourenço para uma moça interiorana, sonhadora na medida e com um sotaque meticulosamente calculado para não parecer caricato. Atriz cada vez mais presente e talentosa, sempre desenhando personagens ricos em nuances e detalhes criativos. Sílvia, que já trabalhou com Antunes Filho, estreou no primeiro filme de Moreira, Contra Todos, pelo qual foi considerada uma revelação e recebeu inúmeros prêmios pela personagem Soninha.
Econômico, seco e carinhoso com seus personagens, Quanto Dura o Amor? (Europa Filmes) é um dos mais significativos filmes brasileiros de 2009 – e que agora chega para venda em DVD e Blu-Ray. Exibe uma megalópole pulsante, dolorida e esperançosa, ao som de canções como "Without You" (de Mariah Carey, na bonita versão de Danni Carlos) e "High And Dry" (Radiohead). Há alguma referência visual do cinema asiático. Não à toa, o bairro da Liberdade foi escolhido como locação para algumas cenas românticas.
E há uma das francas revelações do cinema brasileiro. A magnética Maria Clara Spinelli, linda, misteriosa e ponderada em suas dores contidas em uma bela e hipnótica atuação merecedora do troféu de Melhor Atriz em Paulínia, prêmio que dividiu com Sílvia Lourenço.
Quanto Dura o Amor? é maduro, elegante, e, embora sua narrativa pareça apressada demais, seus personagens perduram em nossa cabeça. Somente os grandes filmes e as boas atuações martelam em nossos cérebros depois de voltarmos para casa.
(Curiosidade: Há 5 anos, o trio formado por Silvia Lourenço, Gustavo Machado e Paulinho Vilhena estava em cartaz com a peça Essa Nossa Juventude, dirigida por Laís Bodansky. Machado também chegou a concorrer ao Shell de Ator. E este filme marca o reencontro dos três, embora não tenham quase nenhuma cena juntos.)
09 dezembro, 2010
Os cotados para Melhor Ator e Atriz começam a ser delineados.
As bolsas de apostas para os prêmios da Academia de Ator e Atriz começam a esquentar. Muitos cotados despontam como prováveis indicados, devido ao prestígio de suas carreiras, pela atuação específica em determinado filme, pelo louvor recebido pelos críticos ou pelos prêmios recebidos pelos festivais ou sindicatos específicos. Para Melhor Ator, o americano JESSE EISENBERG, 26 anos, desponta como um dos favoritos, pelo papel de Mark Zuckerberg em "A Rede Social" (The Social Network), especialmente depois de vencer o National Board of Review.
É seguido de perto pelo extraordinário COLIN FIRTH, em "O Discurso do Rei" (The King's Speech). Ano passado Firth era tido como um dos favoritos da Academia pelo filme de Tom Ford, "Direito de Amar" (A Single Man), mas acabou sendo esquecido.
JAMES FRANCO pode receber sua primeira indicação por "127 Horas" (127 Hours), de Danny Boyle.
Há 3 anos, ele ficou cotado em listas para concorrer por "Milk", mas acabou não sendo indicado.
O vencedor do ano passado, JEFF BRIDGES, parece ter uma atuação excelente no remake do western "Bravura Indômita" (True Grit), dos irmãos Coen, mas como ele já venceu ano passado, sua indicação seria apenas por puro prestígio. O veterano ROBERT DUVALL pode receber sua sétima indicação por "Get Low", no papel de um homem que planeja o próprio funeral. Outros cotados são: MARK WHALBERG, por "The Fighter", RYAN GOSLING, por "Blue Valentine" e LEONARDO DI CAPRIO, por "Ilha do Medo" (Shutter Island) ou "A Origem" (Inception).
Entre as atrizes a corrida está entre a já cotadíssima e quase favorita ANNETTE BENING, pelo corajoso e sutil papel de lésbica em "Minhas Mães e meu Pai" (The Kids are Alright). Bening concorreu em 1990 por "Os Imorais" (The Grifters), em 1999 por "Beleza Americana" (American Beauty) e em 2004 por "Adorável Júlia" (Being Julia).
A britânica LESLIE MANVILLE passa a estar na dianteira, por "Another Year", de Mike Leigh, depois de vencer o National Board of Review, há 2 semanas. Manville é frequente nos filmes de Leigh, já tendo atuado em "Topsy-Turvy", "Segredos e Mentiras" (Secrets and Lies), "O Segredo de Vera Drake" (Vera Drake) e "Agora ou Nunca" (All Or Nothing).
NICOLE KIDMAN pode receber sua terceira indicação pela personificação da mãe em luto no filme de John Cameron Mitchell, "Rabbit Hole".
Sua atuação foi muito comentada no Festival de Toronto, em setembro.
A jovem JENNIFFER LAWRENCE, 20 anos, foi muito elogiada pelo queridinho de Sundance "Winter's Bone".
Outras possíveis indicadas são: NATALIE PORTMAN, por "Cisne Negro" (Black Swan), JULIANNE MOORE (pelo mesmo filme de Bening), SALLY HAWKINS, por "Made in Dagenham", ANNE HATHAWAY, por "Love and Other Drugs" e MICHELLE WILLIAMS, por "Blue Valentine".
Próxima semana será divulgada a lista dos indicados ao Globo de Ouro. Em seguida virão as listas do Screen Actor's Guild (o Sindicato dos Atores) e várias outras premiações de críticos, o que intensifica ou não o favoritismo de alguns concorrentes. A corrida está apenas começando.
É seguido de perto pelo extraordinário COLIN FIRTH, em "O Discurso do Rei" (The King's Speech). Ano passado Firth era tido como um dos favoritos da Academia pelo filme de Tom Ford, "Direito de Amar" (A Single Man), mas acabou sendo esquecido.
JAMES FRANCO pode receber sua primeira indicação por "127 Horas" (127 Hours), de Danny Boyle.
Há 3 anos, ele ficou cotado em listas para concorrer por "Milk", mas acabou não sendo indicado.
O vencedor do ano passado, JEFF BRIDGES, parece ter uma atuação excelente no remake do western "Bravura Indômita" (True Grit), dos irmãos Coen, mas como ele já venceu ano passado, sua indicação seria apenas por puro prestígio. O veterano ROBERT DUVALL pode receber sua sétima indicação por "Get Low", no papel de um homem que planeja o próprio funeral. Outros cotados são: MARK WHALBERG, por "The Fighter", RYAN GOSLING, por "Blue Valentine" e LEONARDO DI CAPRIO, por "Ilha do Medo" (Shutter Island) ou "A Origem" (Inception).
Entre as atrizes a corrida está entre a já cotadíssima e quase favorita ANNETTE BENING, pelo corajoso e sutil papel de lésbica em "Minhas Mães e meu Pai" (The Kids are Alright). Bening concorreu em 1990 por "Os Imorais" (The Grifters), em 1999 por "Beleza Americana" (American Beauty) e em 2004 por "Adorável Júlia" (Being Julia).
A britânica LESLIE MANVILLE passa a estar na dianteira, por "Another Year", de Mike Leigh, depois de vencer o National Board of Review, há 2 semanas. Manville é frequente nos filmes de Leigh, já tendo atuado em "Topsy-Turvy", "Segredos e Mentiras" (Secrets and Lies), "O Segredo de Vera Drake" (Vera Drake) e "Agora ou Nunca" (All Or Nothing).
NICOLE KIDMAN pode receber sua terceira indicação pela personificação da mãe em luto no filme de John Cameron Mitchell, "Rabbit Hole".
Sua atuação foi muito comentada no Festival de Toronto, em setembro.
A jovem JENNIFFER LAWRENCE, 20 anos, foi muito elogiada pelo queridinho de Sundance "Winter's Bone".
Outras possíveis indicadas são: NATALIE PORTMAN, por "Cisne Negro" (Black Swan), JULIANNE MOORE (pelo mesmo filme de Bening), SALLY HAWKINS, por "Made in Dagenham", ANNE HATHAWAY, por "Love and Other Drugs" e MICHELLE WILLIAMS, por "Blue Valentine".
Próxima semana será divulgada a lista dos indicados ao Globo de Ouro. Em seguida virão as listas do Screen Actor's Guild (o Sindicato dos Atores) e várias outras premiações de críticos, o que intensifica ou não o favoritismo de alguns concorrentes. A corrida está apenas começando.
29 novembro, 2010
"Mamma Mia!" - Andrezza Massei rouba o musical com segurança cômica e uma voz irresistível
"Mamma Mia!" estreou em Londres em Abril de 1999. Onze anos depois, a montagem brasileira celebra a qualidade da "importação" dos espetáculos trazidos da Broadway e do West End para o Brasil e confirma São Paulo como a capital latino-americana dos musicais de sucesso.
"Mamma Mia" tem uma storyline simples, que trata da relação entre uma mãe e uma filha, no azul e branco de uma ilha grega e a espectativa desta filha em relação à descoberta de um seus três possíveis pais, às vésperas da festa de seu casamento.
Não é um espetáculo com trocas mirabolantes de cenários, nem transições frenéticas de figurinos, perucas e maquiagens. O "colorido" e a magia de "Mamma Mia!" vem do vigor e da energia de suas canções suecas, todas conhecidíssimas do grande público. É uma deliciosa viagem musical à cafonice divertida dos anos 70, à ingenuidade kitsch das canções da era-do-disco do ABBA e ao entusiasmo de um numeroso elenco que tem em suas vozes o melhor do musical.
Quem chegar ao Teatro Abril esperando grandiosidades cenográficas vai se desapontar. Em contrapartida, apesar desta rápida e passageira decepção, não há um ser humano de qualquer idade que seja, que não saia cantarolando as canções de Claudio Botelho/ABBA.
Na tarde que vi, a protagonista Kiara Sasso estava sendo substituída por Paula Capovilla, cuja voz talentosa (já conhecida dos paulistanos como a Sra. Potts em "A Bela e a Fera") provocou encantamento na medida certa, enquanto seu phisique-du-rôle é mais adequado à personagem do que a própria Kiara.
Pati Amoroso interpreta a filha com um carisma e um encantamento parecido com o causado por Simone Gutierrez, em "Hairspray". A jovem atriz parece estar, ela mesma, maravilhada em estar ali naquele palco, com aquelas canções todas saindo de sua boca.
As duas amigas da protagonista são interpretadas por Rachel Ripani e pela fantástica ANDREZZA MASSEI, dona de uma incrível voz, de um talento cômico irresistível e uma simpatia que arrebatam o público. Massei é a melhor de todo o elenco de "Mamma Mia!". A rechonchuda paulistana rouba o show, assim como Jonathas Joba o fez em "Chicago" (como Mr. Cellophane), Roberto Rocha em "A Bela e a Fera" (como Le Fou) e Kacau Gomes em "Jekyll & Hyde" (como a prostituta).
Os três possíveis pais são interpretados por Cleto Baccic, Carlos Arruza e pelo sempre ótimo Saulo Vasconcelos, que ao lado de Kiara, já protagonizou quase todos os musicais trazidos ao país.
As coreografias embaladas do diretor residente Floriano Nogueira são divertidas e seguem a moda atual do público sentir uma vontade gigante de subir ao palco. De querer fazer parte daquilo que está vendo.
É um musical ingênuo, kitcsh, cativante e destinado a todas as idades e públicos. Para convidar levar a família inteira ao teatro e sair de lá com uma sensação mágica de alto-astral e de que a vida vale a pena quando é cantada.
Uma festa nostálgica para os ouvidos.
"Mamma Mia, how can I resist you?...", diz uma das canções originalmente. Realmente irresistível.
"Mamma Mia" tem uma storyline simples, que trata da relação entre uma mãe e uma filha, no azul e branco de uma ilha grega e a espectativa desta filha em relação à descoberta de um seus três possíveis pais, às vésperas da festa de seu casamento.
Não é um espetáculo com trocas mirabolantes de cenários, nem transições frenéticas de figurinos, perucas e maquiagens. O "colorido" e a magia de "Mamma Mia!" vem do vigor e da energia de suas canções suecas, todas conhecidíssimas do grande público. É uma deliciosa viagem musical à cafonice divertida dos anos 70, à ingenuidade kitsch das canções da era-do-disco do ABBA e ao entusiasmo de um numeroso elenco que tem em suas vozes o melhor do musical.
Quem chegar ao Teatro Abril esperando grandiosidades cenográficas vai se desapontar. Em contrapartida, apesar desta rápida e passageira decepção, não há um ser humano de qualquer idade que seja, que não saia cantarolando as canções de Claudio Botelho/ABBA.
Na tarde que vi, a protagonista Kiara Sasso estava sendo substituída por Paula Capovilla, cuja voz talentosa (já conhecida dos paulistanos como a Sra. Potts em "A Bela e a Fera") provocou encantamento na medida certa, enquanto seu phisique-du-rôle é mais adequado à personagem do que a própria Kiara.
Pati Amoroso interpreta a filha com um carisma e um encantamento parecido com o causado por Simone Gutierrez, em "Hairspray". A jovem atriz parece estar, ela mesma, maravilhada em estar ali naquele palco, com aquelas canções todas saindo de sua boca.
As duas amigas da protagonista são interpretadas por Rachel Ripani e pela fantástica ANDREZZA MASSEI, dona de uma incrível voz, de um talento cômico irresistível e uma simpatia que arrebatam o público. Massei é a melhor de todo o elenco de "Mamma Mia!". A rechonchuda paulistana rouba o show, assim como Jonathas Joba o fez em "Chicago" (como Mr. Cellophane), Roberto Rocha em "A Bela e a Fera" (como Le Fou) e Kacau Gomes em "Jekyll & Hyde" (como a prostituta).
Os três possíveis pais são interpretados por Cleto Baccic, Carlos Arruza e pelo sempre ótimo Saulo Vasconcelos, que ao lado de Kiara, já protagonizou quase todos os musicais trazidos ao país.
As coreografias embaladas do diretor residente Floriano Nogueira são divertidas e seguem a moda atual do público sentir uma vontade gigante de subir ao palco. De querer fazer parte daquilo que está vendo.
É um musical ingênuo, kitcsh, cativante e destinado a todas as idades e públicos. Para convidar levar a família inteira ao teatro e sair de lá com uma sensação mágica de alto-astral e de que a vida vale a pena quando é cantada.
Uma festa nostálgica para os ouvidos.
"Mamma Mia, how can I resist you?...", diz uma das canções originalmente. Realmente irresistível.
27 novembro, 2010
"O Discurso do Rei", "A Origem" e "A Rede Social" estão cotados para o OSCAR de Melhor Filme.
A temporada de corrida para o OSCAR 2011 começa a esquentar agora que o final do ano se aproxima.
Dia 14 de Dezembro serão anunciados os indicados ao Globo de Ouro e com eles, os prováveis indicados à estatueta dourada, em cerimônia que acontecerá dia 27 de Fevereiro de 2011.
Desde já muitos filmes estão cotados. Na categoria Melhor Filme, já é dada como certa a indicação de "O DISCURSO DO REI" (The King's Speech) que traz mais uma interpretação brilhante de COLIN FIRTH como o rei George VI, monarca considerado inadequado para o trono britânico por causa de sua gagueira. O filme mostra sua relação com o fonoaudiólogo Lionel Logue (GEOFFREY RUSH). Foi um sucesso no último Festival de Toronto e traz também no elenco nomes como Helena Bonham-Carter, Derek Jacobi e Jennifer Ehle. A direção é de TOM HOOPER, de "Maldito Futebol Clube" (The Damned United, 2009).
Outro cotadíssimo para Melhor Filme é "127 HOURS", o novo longa de DANNY BOYLE ("Quem Quer ser Um Milionário?"), que coloca o cada vez mais talentoso JAMES FRANCO na pele de um jovem ciclista arrogante, preso numa fenda de um canyon no deserto de Utah. Pelo trailer, parece ser eletrizante. Baseado em fatos reais. A equipe técnica reúne os mesmos talentos de "Slumdog Millionaire": fotografia estupenda de Anthony Dod Mantle, trilha sonora de A. R. Rahman e roteiro de Simon Beaufoy. Quem viu em Toronto disse que é uma experiência emocional aterradora.
Outro provável concorrente é o aguardado "A REDE SOCIAL" (The Social Network), de DAVID FINCHER, sobre os criadores do Facebook e suas desavenças judiciais. JESSE EISENBERG deve concorrer pela primeira vez a Ator pelo papel de Mark Zuckenberg.
"A ORIGEM" (Inception), de Christopher Nolan, a animação
"Toy Story 3", o elogiadíssimo e vencedor de Sundance "THE WINTER'S BONE", de Debra Granik, o drama "MINHAS MÃES E MEU PAI" (The Kids Are Alright) e "O VENCEDOR" (The Fighter), que traz Mark Whalberg como um lutador em ascenção treinado pelo meio-irmão vivido por Christian Bale. A Academia adora um ringue de boxe e quando tem lágrimas é indefectível a entrada na lista.
Também estão sendo apontados como possíveis concorrentes:
o drama familiar "ANOTHER YEAR", dirigido por Mike Leigh ("Segredos e Mentiras"), com Jim Broadbent e Leslie Manville no elenco.
"BRAVURA INDÔMITA" (True Grit), o remake do classic-western com John Wayne, dos irmãos Coen, com Josh Brolin, Matt Damon e Jeff Bridges.
"CISNE NEGRO" (Black Swan), de Darren Aronofsky, que traz atuações elogiadas de Barbara Hershey e Natalie Portman. E uma surpresa, MILA KUNIS, num papel que pode lhe dar uma indicação a Atriz Coadjuvante.
"ATRAÇÃO PERIGOSA" (The Town), direção de Ben Affleck (em cartaz no Brasil).
"RABBIT HOLE", direção de John Cameron Mitchell ("Hedwig"), sobre o luto de um casal depois da morte do filho. Dizem que NICOLE KIDMAN está estupenda como a mãe. Deve concorrer a Melhor Atriz. Aaron Eckhart é o pai.
Para Melhor Direção os prováveis serão:
-DAVID FINCHER, que já concorreu por "O Curioso Caso de Benjamin Button" há 2 anos.
- DANNY BOYLE, vencedor por "Quem Quer Ser Um Milionário" ano passado.
- TOM HOOPER, por "O Discurso do Rei". Nunca indicado.
- CHRISTOPHER NOLAN, que deveria ter recebido uma indicação em 2008 por "The Dark Knight" (Batman - O Cavaleiro das Trevas).
- DAVID O. RUSSEL, por "O Vencedor", também nunca indicado mas tem no curriculo filmes como "Três Reis" (Three Kings) e "I Heart Huckabees".
03 novembro, 2010
"HAIR" - O canto vigoroso e as emoções libertárias lavam o público
No final dos anos 60, o musical de Gerome Ragni, James Rado e Galt MacDermot assombrava Nova York com sua quentíssima mensagem de amor, paz e não-à-guerra. 43 anos depois, os direitos autorais caem nas mãos das pessoas certas. Charles Moeller e Claudio Botelho recriam o musical "HAIR" com uma competência e uma qualidade arrebatadoras. A comunicação que eles estabelecem com a plateia desde os primeiros segundos é palpável e verdadeira. O revival da americana Diane Paulus que ficou em cartaz em 2009 e no início deste ano na Broadway e no West End (e ganhou o Tony Award) fica pequenino perto do estonteante trabalho de direção de Moeller.
Ao optar pela ambientação de uma fábrica ou galpão abandonado, é criado uma espécie de confinamento dos sonhos engasgados. Corações e mentes libertárias que urgem em desespero para sair dali em busca da mistura com o resto do mundo, num canto lindíssimo de vários NÃOS aos governantes que continuam invadindo países e matando, às famílias que ainda mandam seus filhos à guerra, ao preconceito com pessoas do mesmo sexo querendo paz e união, às mulheres que ainda são apedrejadas no Oriente. Um grande NÃO às possibilidades amedrontantes de ditaduras e à morte da liberdade de imprensa.
As soluções cênicas são deslumbrantes. O cenário de Rogério Falcão "deixa o sol entrar" circularmente por redondas frestas em pé-direito alto, através de hélices giratórias. As cores são vivas, púrpuras, energéticas. Os figurinos não são somente jeans rasgados, como em Nova York. Tudo aqui é mais elaborado, mais pesquisado, mais grandioso. Marcelo Pies fez uma peregrinação por brechós, uma espécie de viagem ao túnel do tempo para recriar a indumentária daquela tribo de hippies que gritavam o amor e a liberdade.
A vibração, a garra e a vontade de estar ali do elenco são contagiantes.
IGOR RIKLI está fulgurante como o líder Berger. Uma atuação diabólica que arranca os olhos da plateia para dentro dos dramas ali mostrados.
HUGO BONEMER está comovente como Claude, um rapaz empurrado para a guerra. É bonito demais ver a emoção transbordar pelos poros e olhos quando ele canta, já no final, "The Flesh Failures"
LETÍCIA COLIN é uma presença luminosa, mas para quem a viu em "O Despertar da Primavera" há de perceber que ela se repete. O registro de voz e falas em meio aos sorrisos aqui como Jeanie chegam a ser quase idênticos ao de sua Ilse.
DANILO TIMM, que teve um papel pequeno em "Despertar", aqui tem a grande chance de mostrar seu talento musical na pele da divertida Margaret Mead, a hipócrita mulher que quer fotografar a tribo de hippies como se fossem bichos. Quando ele canta "My Conviction" a plateia o aplaude em cena aberta, tamanha é a técnica vocal do rapaz.
A direção de Charles Moeller, além de todo o rigor e a maravilha de arrancar desempenhos frenéticos dos 30 atores em cena, tem um momento bonito de rima com o espetáculo anterior, "O Despertar da Primavera". Quando o pai dá um tapa no rosto de Claude, parte do elenco que está pendurada nos andaimes e escadarias de ferro reage, como num susto, exatamente como reagiram à agressão da mãe no rosto da menina Wendla.
"A paz há de lavar o mundo, o amor vai derramar", diz a versão de "Aquarius", que abre o musical "HAIR", que estreia sexta-feira, 5 de Novembro, no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro. As emoções transmitidas pela magnífica montagem brasileira realmente lavam o público e derramam-se sobre as poltronas do teatro. A missão de paz dos diretores Charles Moeller e Claudio Botelho tem alvo certeiro nos corações dos espectadores de qualquer idade.
Ao optar pela ambientação de uma fábrica ou galpão abandonado, é criado uma espécie de confinamento dos sonhos engasgados. Corações e mentes libertárias que urgem em desespero para sair dali em busca da mistura com o resto do mundo, num canto lindíssimo de vários NÃOS aos governantes que continuam invadindo países e matando, às famílias que ainda mandam seus filhos à guerra, ao preconceito com pessoas do mesmo sexo querendo paz e união, às mulheres que ainda são apedrejadas no Oriente. Um grande NÃO às possibilidades amedrontantes de ditaduras e à morte da liberdade de imprensa.
As soluções cênicas são deslumbrantes. O cenário de Rogério Falcão "deixa o sol entrar" circularmente por redondas frestas em pé-direito alto, através de hélices giratórias. As cores são vivas, púrpuras, energéticas. Os figurinos não são somente jeans rasgados, como em Nova York. Tudo aqui é mais elaborado, mais pesquisado, mais grandioso. Marcelo Pies fez uma peregrinação por brechós, uma espécie de viagem ao túnel do tempo para recriar a indumentária daquela tribo de hippies que gritavam o amor e a liberdade.
A vibração, a garra e a vontade de estar ali do elenco são contagiantes.
IGOR RIKLI está fulgurante como o líder Berger. Uma atuação diabólica que arranca os olhos da plateia para dentro dos dramas ali mostrados.
HUGO BONEMER está comovente como Claude, um rapaz empurrado para a guerra. É bonito demais ver a emoção transbordar pelos poros e olhos quando ele canta, já no final, "The Flesh Failures"
LETÍCIA COLIN é uma presença luminosa, mas para quem a viu em "O Despertar da Primavera" há de perceber que ela se repete. O registro de voz e falas em meio aos sorrisos aqui como Jeanie chegam a ser quase idênticos ao de sua Ilse.
DANILO TIMM, que teve um papel pequeno em "Despertar", aqui tem a grande chance de mostrar seu talento musical na pele da divertida Margaret Mead, a hipócrita mulher que quer fotografar a tribo de hippies como se fossem bichos. Quando ele canta "My Conviction" a plateia o aplaude em cena aberta, tamanha é a técnica vocal do rapaz.
A direção de Charles Moeller, além de todo o rigor e a maravilha de arrancar desempenhos frenéticos dos 30 atores em cena, tem um momento bonito de rima com o espetáculo anterior, "O Despertar da Primavera". Quando o pai dá um tapa no rosto de Claude, parte do elenco que está pendurada nos andaimes e escadarias de ferro reage, como num susto, exatamente como reagiram à agressão da mãe no rosto da menina Wendla.
"A paz há de lavar o mundo, o amor vai derramar", diz a versão de "Aquarius", que abre o musical "HAIR", que estreia sexta-feira, 5 de Novembro, no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro. As emoções transmitidas pela magnífica montagem brasileira realmente lavam o público e derramam-se sobre as poltronas do teatro. A missão de paz dos diretores Charles Moeller e Claudio Botelho tem alvo certeiro nos corações dos espectadores de qualquer idade.
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